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domingo, 14 de março de 2010

Albino Almeida

Na qualidade de ex-aluno e ex-dirigente associativo estudantil do secundário, não resisto a dedicar um post aos estudantes do secundário de Barcelos, mas também a todos do secundário, visto que o presidente da confederação de pais, mais não tem sido que um lacaio do governo, papagaio das "reformas" que não são reformas nenhuma, mas enfim, tem sido pioneiro em mais um triste espectaculo de uma Ópera-bufa (como dizem os Italianos: divertimento giocoso) visto que as palavras deste homem ecoam como tal.... Só que o som não é agradável....
Ora reparem para além de ser o meso que um dia disse que as greves de professores deviam ser ao Sábado, porque durante a semana havia aulas, descendo quase ao nivel do semântico (estudo do significado, no caso das palavras, a semântica estuda a significação das mesmas individualmente, aplicadas a um contexto e com influência de outras palavras) do Professor Marcelo Caetano, quando dizia "pode-se pensar, desde que não se diga" muito "democráticamente" sem dúvida alguma, pois como se sabe o instrumento das classes em luta é sempre a pressão exercida sobre a classe que a possui, sendo lógico que assim seja, pois se as greves fossem ao fim-de-semana como a ex-ministra queria mas não disse, disse o seu fiel seguidor.
Mas mais ainda.... quando alguém defende uma reforma que visa destruir o sistema de educação, baseado numa avaçiação burocrática, totalista e digna de hipocrisia, que moral tem?
Os professores são inimigos? Os alunos são inimigos? Então vejamos as seguintes perguntas, com as seguintes respostas:
Os profissionais do sector também podem apresentar propostas?
Podem, desde que o façam baixinho e de preferência caladinhos.
Existem medidas significativas para a educação no ECD?
Existem várias medidas muito significativas que se centram em dois temas
fundamentais: reduzir e aumentar.
Reduzir e aumentar??? Isso não é contraditório?
Não! Nada!
Reduzir professores, reduzir o número de contratados (para o ME não são
professores) reduzir a possibilidade de ter carreira, reduzir a progressão na
mesma, reduzir salários, reduzir direitos elementares como o de estar doente,
reduzir o tempo de preparação de aulas, reduzir o tempo para os professores
se actualizarem, reduzir o tempo para concertarem estratégias e
procedimentos, reduzir a possibilidade de ser bom professor, reduzir a
imagem do professor à imagem de pária social, reduzir o papel do professor
na escola que passa a ser um faz-tudo baratinho, reduzir os professores a
executantes de medidas a metro com a lógica do milímetro, reduzir o
estatuto e o prestígio dos professores (afinal eles são os pais e as mães dos
males da escola) reduzir a despesa/investimento na educação a um nível
digamos…. muito reduzido.
Então o que é que vai aumentar??
Aumenta o trabalho com menos salário, aumentam as horas lectivas
disfarçadas de actividades educativas, aumenta a idade da reforma, aumenta
o número de desempregados, aumentam os despedimentos, aumenta a não
contratação de docentes, aumenta o trabalho escravo que permite isto tudo,
aumenta a quantidade de tarefas exigidas aos professores, aumenta o
disparate na avaliação dos docentes (aberta a tios, primas e outros familiares
em quarto grau) aumenta a impossibilidade de se ser excelente dada a
multiplicidade de tarefas diferentes exigidas, aumenta a falta de tempo de
preparação para isso tudo, aumenta a exigência de excelência com condições
de demência, aumenta a tentativa de levar à prática o adágio “querer ópera
séria pelo preço da ópera bufa”, aumenta a impossibilidade de progressão na
carreira, aumenta a manutenção de muitos dos professores em condições
salariais de saldo, aumenta o desprestígio da profissão (essa a intenção),
aumenta a escola dos desmotivados e paralisados, aumenta o nível de loucura
para um nível… aumentado.
E não se cria nada de novo?
Sim, seguramente! Cria-se poupança imediata e irracional, cria-se a breve
trecho a escola pública manhosa, onde ninguém quererá leccionar, cria-se um
sistema de precariedade onde ninguém quererá estar…
Ainda há quem queira ser professor??
Sim há! Os excelentes professores que estão no ensino e que já eram
professores antes de a ministra ser ministra, e que continuam a ser
professores enquanto a ministra continua surda, arrogante e prepotente.
Mas a educação não é importante para o país?
É muito importante, até os responsáveis dizem o mesmo, mas fazem tudo
para que não seja, e desconsideram os seus profissionais para que a sua
profissão seja subvalorizada.
Isso não é um paradoxo? O que é um paradoxo?
Um paradoxo é tudo isto…!
E é apenas isto?
Não!! É conhecer pessoas que dizem que isto é bom!
Mas como se ainda não bastasse a melhor de todas as propostas para a educação são as que defendem que os pais vão estar mais tempo na escola, que têm que acompanhar e "supervisionar" a escola, quando as entidades parasitárias deste país querem aumentar as horas de trabalho dos nossos pais.
Sim é preciso educação, mas não a queremos receber de Albinos assim, tão albinos que nada que não seja o branco-vazio.

2 comentários:

  1. miguelito, miguelito muito culto e inteligente como sempre*

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  2. Conheço-a?
    Calma,esses adjectivos recuso-os, porque inteligente é uma categoria perigosa, mais ainda no espaço e no tempo em que vivemos, logo apesar de agradecer o seu comentário, recuso o tom elogioso e maternalista.
    A propósito o autor não confirma nem desmente que tem como primeiro nome, embora num diminuitivozeco, que o seja.
    Obrigado

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