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domingo, 21 de março de 2010

Perdoai-os Senhor, eles sabem o que fazem


Escolho este titulo, porque primeiro aprecio boa literatura, Sophia de Mello Breyner Andresen, numa citação que utiliza no seu poema "As pessoas sensíveis".
Segundo porque como eu penso assim, o pensamento é estruturado sob várias formas, vários princípios, que estabelecemos como padrões conscientes que nos orientam para a vida, para o nosso dia-a-dia.
É assim, como não poderia deixar de ser, conhecendo uma manifesta maioria católica praticante ou não, confesso que não preciso de me guiar pelos "princípios"que orientam tais "desígnios", primeiro porque na estrutura daquilo que eu defendo, esta seguramente nos antípodas da denominada clique que ao fim-de-semana, reza ao domingo de manha, num qualquer mosteiro, monumento, espaço religioso, mas que se esquece que ao estar presente do "senhor" (é que la estão vários, desde o que "come" a mulher do outro sempre que pode, aquele que não diz palavrões mas gosta de "fornicar" o primeiro consciente ou não que se diz alvo e imaculado mas que no fundo é tão podre, como a casta que lá tem andado a governar o espaço, no entanto uma coisa os caracteriza, manter o ar "cândido", escondendo no entanto o que por dentro lhe consome a "alma") que ele foi pregado por Romanos, talvez porque resistir ao império significa-se na época, libertar o seu povo da opressão e da exploração romana, defendendo justiça, liberdade, opinião, fraternidade.
Contudo já conhecendo essa "clique" á vários anos, "sábia", "justa", "fraterna", "não-radical", "não-extremista" (cuidado quando algum "rato" da sacristia te diz que o comunismo é radical, não sei se ele é conhecedor da história dos autos-de-fé, da inquisição, das caças ás "bruxas" ou da história no seu geral, visto que os milhões que eles "reformaram" serem apenas almas infiéis, daquelas que não são contabilizadas, porque primeiro vão á igreja não por consciência, mas porque o "obrigam", dai o "radical" ficar para aqueles que contemplam os seus mortos não em cruzes, mas na história dos três regimes que o comunismo em Portugal enfrentou, inclusive naqueles que os ratos de sacristia votam.
Contudo não iria acabar a provocação sem postar a propósito uma pequena "quote" em que sucintamente para quem não tem conhecimento (desde que nasceu talvez ate ao fim da vida) para melhor ficar ciente do "não-extremismo":
Advogados dos EUA, representando sobreviventes e parentes de vítimas do regime Ustasha, estão tentando processar, sem sucesso, o Banco do Vaticano por receptação e lavagem de dinheiro. O Banco receptou e lavou o dinheiro roubado pelos fugitivos do regime nazi-católico da Croácia (Ustasha) no final da 2GM, além de ajudar os Ustashas( Ante Pavelic, Dinko Sakic, Andrija Artukovic etc.) a fugirem para América do Sul, EUA etc. através das Ratlines.
O regime Ustasha – Estado “Independente” da Croácia (NDH, em croata Nezavisna Država Hrvatska) nasceu em 1941 graças à invasão nazi-fascista na Iugoslávia durante a 2GM. O Vaticano apoiou o regime de Ante Pavelic porque desejava um poderio católico nos Balcãs. O NDH (mistura de nazismo com inquisição católica) exterminou cerca de 1.000.000 de sérvios (cristãos ortodoxos), 60.000 judeus, 30.000 ciganos e milhares de opositores.
A cumplicidade da Igreja Católica com este regime sanguinário foi intensa, a ponto de padres liderarem conversões forçadas de sérvios, massacres e campos de extermínio (Jasenovac, por exemplo). A crueldade Ustasha era tão grotesca que chocava até mesmo os alemães e italianos, que tiveram que colocar um freio na Ustasha. O chefe religioso do NDH, cardeal Stepinac, foi beatificado pelo papa JP2 em 1998.
O assunto Ustasha é um grande tabu na grande media nacional e internacional, graças ao lobby da igreja católica. O “El País” da Espanha chegou a relatar em 1986 o atrito entre a imprensa oficial e a católica porque se discutia se o clero romano estava envolvido ou não com os crimes de Andrija Artukovic (ministro do NDH).
O Vaticano, após a queda do NDH, jamais admitiu qualquer responsabilidade, nem mesmo parcial, pelas atrocidades cometidas, nem mesmo um pedido de perdão. Em verdade, quando acusado, ele sempre negou qualquer conexão com o regime croata. Quando solicitado a expressar o seu repúdio pelos crimes cometidos pela Ustasha , prefere ficar em silêncio (um silêncio cúmplice). Nem mesmo o site oficial do Vaticano possui um texto repudiando as barbaridades do NDH. O papa JP2 nunca aceitou visitar Jasenovac, atitude compartilhada pelo actual papa Bento XVI.
Pois é que cuidado meus senhores, um dia deste eu vou reclamar a diferença entre mim, o meu pensamento e aqueles que "idolatram" este tipo de "regimes leves", "coisa pequenina e leve", assim como ceifar trigo, ceifar mortes é semelhante, só não se pode dizer que é "radical"...
Cuidado com o pensamento, hoje eu penso, sera que devo me misturar com este tipo de gente, para com me confundam com eles?
Parece-me adequado, porque o valor da humanidade e da liberdade, não se aprendem numa igreja, ou numa qualquer terra fascistazinha que limita porque se é diferente, ou porque numa faculdade ou secundária se tem professores e colegas (amigos é outra "souvenir" de direita cacique e reaccionária.
Por isso não me confundam, reflictam, e antes de me estenderem a mão, analisem o que são e o que representam, porque eu com "podridões" nunca me dei bem, já escolhi o meu lado, cada vez vou reclamando mais, logo chega a altura em que a consciência define quem esta com as pessoas, ou contra elas.
Contudo antes de terminar, porque findo aqui o assunto, não me apetece escrever mais, não porque não o saiba fazer, mas porque prefiro um artigo "rasca" meu, a artigos que enfim... a sanita seria a "biblioteca" adequada para alguns la porem os seus manuscritos.....
Termino com um verso do Sophia:
Sophia de Mello Breyner Andresen


As pessoas sensíveis

As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas
....

Ó vendilhões do templo
Ó constructores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito


Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem.

5 comentários:

  1. Oswald Valentine (ou Nero Claudius Caesar Augustus Germanicus)21 de março de 2010 às 10:38

    Sim senhor doutor... Brilhante artigo! Este é o blog politico ou social-club mais progressista que conheço, digno da condecoração da ordem de Lenine. Muitos sabem que a igreja esteve do lado do nazi-fascismo, alguns sabem que a igreja esteve do lado do nazi-fascismo só que mentem mentem mentem à espera que a mentira recompense (famosos 30 pratas) na hora do apuramento da verdade pois nem sequer as pedras e os nacos de madeira se erguerem sob os desígnios da verdade, outros (cerca de 60%) são os piores manipulados pois sofrem de 'cegueira' ou 'radicalismo' depois de 1991 e a lenda dos 3 pastorinhos de Fátima na criação de 'laboratórios de hipocrisia' que são as catequeses portuguesas. Em Portugal há 88% de católicos, a minoria jovem não acredita mas conta na estatística está na altura das pessoas saberem qual a função que os trouxe ao mundo (ou são ou não são, senão são é pedir a anulação do baptismo), concordar com barbáries como Kristalnacht ou a tentativa de genocídio do povo sérvio na Jugoslávia se assimilam a paz, verdade, justiça, igualdade e tudo o que 'Jesus Cristo' apregoava? Para aquelas pessoas menos esclarecidas aqui vai a prova que Deus NÃO EXISTE da maneira que a maioria pensa, pois até pensar deve ser um problema. Que se acabe com a 'estória' do vigário padre 'não há provas que Deus não existe': -----» http://video.google.com/videoplay?docid=-1437724226641382024#

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  2. Estou de acordo, contudo deixa-me dizer, que o que escrevi, não somente reflecte um prisma, com este artigo, de uma "só luva" foi para atingir mentes "democrática", tão democráticas como o cardeal Cerejeira, ou o Marcelo Caetano, somente a ilusão de serem livres.
    Contudo, termino com um simples ainda bem que não somos todos iguais, que o nosso pensamento não é semelhante, porque assim sendo, a tal linha que nos separa é boa.
    A separação ideologica é boa, espero que assim o seja mais vincadamente.
    A propósito e com todas as letras nunca gostei muito de ratos de sacristia.

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  3. No entanto as condecorações meu amigo, a propósito, dispenso, porque para mim, esta luta nada tem de nobre, é apenas a reposição da justiça, por maiores que sejam os elogios, agradeço, claro que sim, seria hipocrisia não o negar, mas esta escrita nada tem de espectacular ou de vanguarda, mas apenas de alguém que recusa e continuara a recusar a dita "verdade absoluta", recusa a escrita do tipo "sol" ou "publico", essas "verdades" todas, porque afinal de contas, com essas podem eles bem ficar, são do grande capital, não escreve-se porque se é pago, mas sim porque a razão é a primazia de tudo.
    Obrigado Nero Claudius.

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  4. honestamente nao fazia a minima ideia sequer que isso existia

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  5. Caro leitor, é assim, não me vou pronunciar sobre factos históricos, isso deixo para os historiadores, não tomarei essa iniciativa, no entanto em relação ao paralelo na época da criação do Ustasha, com o desmembramento da Jugoslávia nos anos 90, tudo esta interligado, as pontes (objectivos) do Ustasha e das novas républicas da ex-jugoslávia, são os mesmos, no entanto a ditadura da comunicação social sempre apresentou (fabricou) "motivos" para as guerras de secessão nos Balcãs.
    Os povos irão sempre resistir, não sera qualquer decreto, ingerência e invasão que "matam" os desejos dos povos.

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